Imersos num mundo onde as distinções tradicionais entre produção e recepção se esbatem, os jovens confrontam-se com uma multiplicidade de imagens e interpretações do passado. Ao mesmo tempo, a sua atenção é cada vez mais disputada e fragmentada e o uso de equipamentos tecnológicos e as competências criativas são mais estimulados. Este trabalho visa colmatar uma lacuna na investigação sobre o papel do cinema no processo de (des)construção crítica dos pontos de vista dos jovens sobre si próprios e sobre o mundo. São vários os estudos sobre a memória das elites, mas escassos os que partem do modo como os jovens dão sentido à história e como molda a comunicação intercultural no cotidiano. Neste artigo, exploramos de que forma os jovens visualizam e interpretam imagens e narrativas sobre os legados do passado no presente. Apresentamos resultados de 10 grupos focais conduzidos em escolas públicas em Portugal, com 69 estudantes do ensino secundário. Como estímulo à discussão, usamos excertos de filmes cujos temas abordam a ditadura portuguesa, o colonialismo, as lutas de libertação e as relações interculturais. Os resultados mostram a importância do cinema na discussão crítica de temas como o racismo, a xenofobia e a homofobia na atualidade.

Citação:
Macedo, Isabel, Balbé, Alice & Cabecinhas, Rosa (2023). Cultura visual, educação e comunicação intercultural: grupos de discussão com estudantes no ensino secundário português. Educação em Foco, 26 (48).
https://doi.org/10.36704/eef.v26i48.7145